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.Mas, neste momento, a primeira estrela surgiu no horizonte.Era hora da canalização.Sentaram-se e, depois de um pequeno período de relaxamento, começaram a concentrar-sena segunda mente.Chris não conseguia parar de pensar na frase final de Paulo  realmente não permitira queele respondesse.Agora era tarde.Precisava deixar que a segunda mente contasse seus problemas aborrecidos,repetisse diversas vezes a mesma coisa, mostrasse as preocupações de sempre.A segunda mente, naquela noite, queria ferir seu coração.Dizia que ela escolhera um caminho errado, e que só havia descoberto seudestino ao experimentar o personagem Vahalla.A segunda mente dizia que era tarde demais para mudar, que sua vida havia fracassado, queela passaria o resto da vida andando atrás do seu homem  sem experimentar o gosto das florestas escuras eda busca da presa.A segunda mente lhe dizia que tinha encontrado o homem errado  que melhor seria casarcom um agricultor.A segunda mente lhe dizia que Paulo tinha outras mulheres, e que eram mulherescaçadoras, que ele encontrava em noites de lua, e em secretos rituais mágicos.A segunda mente lhe dizia quedevia deixá-lo, para que ele pudesse ser feliz com uma mulher igual a ele.Ela argumentou algumas vezes  disse que não tinha importância saber que existiam outrasmulheres, não pretendia largá-lo nunca.Porque o amor não tem lógica, nem razão.Mas a segunda mentevoltava à carga  e ela resolveu parar de discutir, escutar em silêncio, até que a conversa foi morrendo, esilenciou.Então, uma espécie de névoa começou a tomar conta de seu pensamento.A canalizaçãocomeçara.Uma indescritível sensação de paz apossou-se dela, como se as asas de seu anjo cobrissem odeserto inteiro, para que nada de mau lhe acontecesse.Quando canalizava, sentia um imenso amor por simesma, e pelo Universo.Manteve os olhos abertos, para não perder a consciência, mas as catedrais começaram asurgir.Apareciam do meio das brumas, imensas igrejas que nunca havia visitado, e que, no entanto, existiamem algum lugar da Terra.Nos primeiros dias eram apenas coisas confusas, cantos indígenas misturados compalavras sem sentido; mas agora, seu anjo lhe mostrava catedrais.Aquilo tinha um sentido, embora ainda nãopudesse entender qual.Mas estavam apenas começando uma conversa.A cada dia que passava, era capaz deentender melhor o seu anjo.Em breve, teriam uma comunicação tão clara como tinha com qualquer pessoaque falava sua língua.Era tudo uma questão de tempo.O despertador de pulso de Paulo tocou.Vinte minutos se passaram.A canalizaçãoterminava.Ela olhou-o.Sabia o que ia acontecer agora: ele continuaria em silêncio, e dentro em poucoficaria triste.O anjo não havia aparecido.Então voltariam para o pequeno motel em Ajo, e ele sairia para umpasseio, enquanto ela tentava dormir.Esperou que ele se levantasse, e levantou-se também.Só que, em vez de tristeza, havia umbrilho estranho em seus olhos. Verei meu anjo  disse ele. Sei que verei.Fiz a aposta. A aposta você fará com seu anjo , dissera Vahalla.Nunca, em momento algum, havia dito: A aposta, você fará com seu anjo, quando ele aparecer. E, no entanto, ele havia entendido isto.Esperara,durante uma semana, que o anjo surgisse à sua frente.Estava pronto para aceitar qualquer aposta, porque oanjo era a Luz, e a Luz era o que justificava a existência do homem.Confiava na Luz, da mesma maneira que,quatorze anos antes, duvidara das trevas.Ao contrário da traiçoeira experiência das trevas, a Luz estabeleciasuas regras antes  para que, quem as aceitasse, soubesse que também se comprometia com amor emisericórdia.Havia cumprido duas condições, e quase falhado na terceira  a mais simples! Entretanto, aproteção do anjo não havia faltado e, durante a canalização& ah, como era bom ter aprendido a conversarcom anjos! Agora sabia que podia vê-lo, porque a terceira condição estava satisfeita. Rompi um acordo.Aceitei um perdão.E, hoje, fiz uma aposta.Tenho fé e acredito  disse. Acredito que Vahalla sabe o caminho da visão do anjo.Os olhos de Paulo brilhavam.Não haveria caminhadas noturnas, nem insônia naquela noite.Ele tinha absoluta certeza de que ia ver seu anjo.Meia hora atrás, pedia um milagre  e agora isso não tinhamais importância.Então, aquela noite, seria a vez de Chris ficar sem dormir, e caminhar pelas ruas desertas deAjo, implorando a Deus que fizesse um milagre, porque o homem que ela amava precisava ver um anjo.Seucoração estava apertado, mais apertado que nunca.Talvez tivesse preferido um Paulo em dúvida, um Pauloque precisava de um milagre, um Paulo que parecia ter perdido a fé.Se o anjo aparecesse, muito bem; casocontrário, sempre podia culpar Vahalla por ter ensinado errado.Assim, não passaria por uma das maisamargas lições que Deus ensinou ao homem, quando fechou as portas do Paraíso: a decepção. Mas não; tinha agora diante de si um homem que parecia apostar sua vida na certeza de quese podia ver anjos.E sua única garantia era a palavra de uma mulher que andava a cavalo pelo deserto,falando em novos mundos que iam chegar.Talvez Vahalla nunca tivesse visto anjos.Ou talvez o que servia para ela, não servia para osoutros  Paulo dissera isto na praça! Será que ele não escutava suas próprias palavras?O coração de Chris foi ficando cada vez menor enquanto notava os olhos brilhantes domarido.Neste momento, o rosto inteiro dele começou a brilhar. Luz!  gritou Paulo. Luz!Ela virou-se.No horizonte, perto de onde a estrela havia aparecido, três luzes brilhavam nocéu. Luz!  ele repetiu mais uma vez. O anjo!Chris sentiu uma imensa vontade de ajoelhar-se, e agradecer, porque sua prece havia sidoouvida, e Deus enviara seu exército de anjos.Os olhos de Paulo começaram a encher-se de água.O milagre havia acontecido, fizera aaposta certa.Ouviu-se um estrondo do lado esquerdo, e outro sobre suas cabeças.Agora eram cinco, seisluzes brilhantes no céu; o deserto estava todo iluminado.Por um momento perdeu a voz: estava também vendo seu anjo! Os estrondos iam ficandocada vez mais fortes, passando pelo lado direito, lado esquerdo, em cima da cabeça dos dois, trovõesenlouquecidos que não vinham de cima, mas de trás, dos lados  e se dirigiam para o lugar onde estavam asluzes.As Valkírias! As verdadeiras Valkírias, filhas de Votan, cavalgando pelos céus e carregandoos guerreiros! Colocou a mão nos ouvidos, com medo.Percebeu que Paulo estava fazendo o mesmo  e seus olhos já não tinham o mesmo brilhode antes [ Pobierz caÅ‚ość w formacie PDF ]
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